.
Não me chamem senhor
foi o que eu disse
quando cheguei
ao caminho entre os teus seios
não sabiam
que eu possuía a tua língua
e falaram-me com extrema precaução
como se fala a um estrangeiro
não sou senhor de nada
apenas conheço a terra
líquida vegetal colorida quente
que desce dos rios que tu és
até ao meu umbigo
Yaffa
civilizações redondas e macias
antigas e cruéis
reunidas na estranha planície
que nunca me entregaste
estendendo-se entre amoras
até se encontrar
num tempo primeiro e decisivo
fundo único exacto
em colinas ondulantes
onde nascem cantantes vales
de laranjas
Mário-Henrique Leiria
entre o tigre e o eufrates
Publicada por Ricardo Pulido Valente à(s) 20:31
Etiquetas: mário henrique leiria, poema
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Expulsoda Escola Superior de Belas Artes de Lisboa...
Esteve na Marinha Mercante, foi caixeiro viajante,foi operário metalúrgico, foi servente de pedreiro...
"Não me chamem senhor
foi o que eu disse
quando chegue/(...) apenas conheço a terra (...)"
O mais importante: participa nas movimentações surrealistas portuguesas!
Não conhecia, mas fiquei a saber um pouco mais...
Belíssimo. De ritmo, som, significado.
E com signos a que não consigo fugir na minha poesia.
Sinto-me muito próximo.
Plof! Um carro armadilhado rebentou.
Não conhecia este.
Excelente imagem.
Enviar um comentário