Prefácio

Blogue dedicado ao surrealismo, com particular destaque para o movimento literário português.

O Surrealismo foi um movimento artístico e literário surgido primariamente em Paris dos anos 20, inserido no contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo, reunindo artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo e posteriormente expandido para outros países. Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939), o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na actividade criativa. Os seus representantes mais conhecidos são Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí no campo das artes plásticas, André Breton na literatura e Luis Buñuel no cinema.







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na estrada de san romano


A poesia como o amor faz-se na cama

Os seus lençóis desfeitos são a aurora das coisas

A poesia faz-se nas matas

Tem todo o espaço de que precisa

Não este mas o outro condicionado por

O olho do milhafre

O orvalho sobre a cavalinha

A lembrança de Traminer embaciada em bandeja de prata

Uma alta vara de turmalina sobre o mar

E a estrada da aventura mental

Que sobe a prumo

Pára e fica logo coberta de mato

Isto não se apregoa aos quatro ventos

Não é conveniente deixar a porta aberta

Ou chamar testemunhas

Os cardumes de peixes os bandos de melharucos

Os carris à entrada duma grande estação

As luzes das duas margens

Os sulcos do pão

A espuma da ribeira

Os dias do calendário

O hipericão

Acto de amor e acto de poesia

São incompatíveis

Com a leitura do jornal em voz alta

O sentido do raio de sol

O clarão azul que liga as machadadas do lenhador

O fio do papagaio de papel em forma de coração ou de laço

O batimento ritmado da cauda dos castores

A diligência do relâmpago

O arremesso de confeitos do alto de velhas escadas

A avalanche

A câmara dos sortilégios

Não cavalheiros não é a oitava Câmara

Nem os vapores da camarata ao domingo à noite

Os passos de dança transparentes por cima dos mares

A demarcação na parede dum corpo de mulher ao lançar de punhais

As claras volutas do fumo

Os anéis do teu cabelo

A curva da esponja das Filipinas

Os nós da serpente vermelha

A entrada da hera nas ruínas

Tem todo o tempo à sua frente

O abraço poético como o abraço carnal

Enquanto dura

Impede toda a fugida sobre a miséria do mundo



andré breton

1 comentários:

Sílvia disse...

"Acto de amor e acto de poesia

São incompatíveis

Com a leitura do jornal em voz

alta", concordo perfeitamente!