Olho o velho sentado na réstia do sol
cheiro a tinta do jornal
leio as notícias que me não interessam
tiro os óculos
e levanto a cabeça
e com a mão indica-me o lugar
“Está livre” diz-me ele com um sorriso
e eu agradeço
sem saber o que fazer
sento-me na réstia de sol
a baloiçar a vida.
Henrique Risques Pereira, in transparência do tempo, quasi
Henrique Risques Pereira nasceu em Lisboa em 1930. Companheiro de tertúlia de António Maria Lisboa e de Fernando Alves dos Santos entra em contacto com o grupo de “Os Surrealistas” através de Pedro Oom, e participa em 1949 nas suas actividades. Desaparecido do horizonte artístico e literário português durante anos, a sua obra está representada nas antologias realizadas por Mário Cesariny, ocupa um lugar destacado na que organizaram Alfredo Margarido e Carlos Eurico da Costa com o título Doze Jovens Poetas Portugueses e reaparece posteriormente na antologia You Are Welcome to Elsinor (reeditada com o título A Única Real TradiçãoViva) de Perfecto E. Cuadrado, a quem entregaria posteriormente cópia dos seus poemas inéditos que atestam a sua permanente e quase oculta ou clandestina devoção e dedicação poéticas. O único livro de poemas de Henrique Risques Pereira tem o título Un Gato Partió A La Aventura, pequena antologia da responsabilidade de Perfecto E. Cuadrado editado em Espanha na colecção La Estrpe de Los Argonautas. Transparência do Tempo, mais uma vez pela mão de Perfecto E. Cuadrado, reúne toda a sua poesia, quase toda inédita até hoje. Surge por ocasião da primeira individual da sua obra plástica, a ocorrer na Fundação Cupertino de Miranda em Vila Nova de Famalicão.
10 comentários:
Passei por aqui em jeito de "(...)baloiçar a vida." e gostei do seu blog dedicado ao Surrealismo. Gosto dos "ismos"...eles rompem com a ordem estabelecida, com o marasmo, dão vida, são ousados, sujeitam-se à crítica, adquirem nome através dela. São corajosos!
Os meus humildes parabéns, será um recurso a ter em consideração aquando das minhas aulas de História das Artes.
Gostava de ter nascido homem apenas para que Mário Cesariny se apaixonasse por mim.
(para todos os efeitos nada disto ficou escrito) :)
cheers
Inês L.
Black sun pela certa!
que posso dizer quando entro e encontro poesia que gosto, acompanho e leio o poeta?
agradeço e partilho outro dos poemas de Henrique Risques Pereira
De súbito
Uma saudade dentro de mim
De súbito
Um baque no peito
De súbito
Suave a tua mão
Esquece que há trevas e morte
Esquece que há o verso antigo
Esquece a palavra negra e oculta.
Há quem ainda procure
Há quem ainda sonhe
Há quem ainda acredite
Em ti.
Henrique Risques Pereira
Transparência do Tempo
fico a deliciar-me com o momento sentada "na réstia de sol"
um abraço
lena
imagem bonita e serena :)
Gostei de encontrar este blogue.
Parabéns pela iniciativa e pelo blogue!
A temática do seu blog é bem original, gostei :)
Obrigada pela visita e pelo elogio.
Abraço.
Um blogue em grande!
Parabéns pela capacidade
Abraço
É bom divulgar estes autores.
Para que não se penso só nos que toda a gente conhece.
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