Estar vestido de branco deste homem é evidente que nunca voltará a ser encontrado
Depois o choque duma lança contra um elmo aqui o músico fez maravilhas
É toda a razão que se vai quando podia soar a hora sem que tu estejas presente
Nas sombras do cenário permite-se ao povo contemplar os grandes festins
Comer em cena é sempre do agrado geral
De dentro da empada rematada a faisões
Anões metade pretos metade arco-íris levantam a tampa
E soltam-se ajaezado de guizos e de risos
Brilho contrastado de vestígios de tiros das côdeas sobrantes
Plano sequência do baile dos Ardentes flash-back desfocado do episódio que vem logo
a seguir ao do cervo
Um homem talvez ágil demais desce do alto das torres de Notre-Dame
A rodopiar numa corda
Seu pêndulo de archotes clarão insólito à luz do dia
A sarça dos cinco selvagens quatro deles cativos um do outro o sol de plumas
O duque de Orléans segura o facho a mão a mão fatal
Às oito horas da noite tempos depois a mão
Não esquece a brincar com a luva
A mão a luva uma vez duas vezes três vezes
A um canto com o palácio mais branco em fundo as belas feições ambíguas de Pedro de
Luna a cavalo
Personificando o segundo luminar
Acabar sobre o brasão da rainha em lágrimas
A mágoa Nada mais me é nada, nada me é mais nada
Sim sem ti
O sol
Tradução de Ernesto Sampaio
Marselha, Dezembro de 1940
André Breton, escritor e poeta francês, nasceu em Tinchebray (Orne) em 1896. Viveu a aventura do surrealismo como uma experiência existencial. No início dos anos 20, aderiu ao movimento Dada, mas cedo se opõe a Tsara. Admirador de Valéry, Rimbaud e Lautréamont, em 1924 lança o famoso Manifesto do Surrealismo. Activo e rebelde, colaborou em revistas revolucionárias como La Révolution Surrealiste e Le Surréalisme au Service de la Révolution. Entre as suas obras destacam-se Nadjia e O Amor Louco. André Breton morreu em Paris em 1966.
3 comentários:
obrigada, Ricardo, pela passagem no blue molleskin.
voltarei.
Não morreu sem antes Salvador Dalí lhe ter mostrado o que era o surrealismo.
Obrigado pela visita, volte sempr, eu voltarei
Saudações amigas
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