Naquele dia
Vestira o meu corpo
Sem a alma,
Vestira o meu corpo
Sem a alegria,
Lavei os dentes
E esqueci do sorriso no lavatório,
Lavei as mãos
E deixei o tacto na toalha;
Nesse dia
Após o trabalho fui dormir,
Deitei o corpo
E reecontrei a alma.
No dia seguinte
Vesti a alma
E deixei metade do corpo esquecido
E a memória no secador de cabelo...
E algo inesquecível de que não me lembro aconteceu:
Porque hoje tenho a alma mutilada
E nem o corpo tenho.
Tiago Nené, jovem poeta do Algarve.
14 comentários:
fantástico!
A perda assim escrita parece maior.
a perda é sempre maior...assim fica mais vestida ou despida
ff
Gostei muito do poema e especialmente de "E deixei metade do corpo esquecido
E a memória no secador de cabelo..."
Parabéns também pelo blogue.
Um abraço.
Corpo e alma completam-se, e quando uma das partes falha... Uma parte de nós fica incompleta.
Gostei! :) *
O corpo e a alma reinventados na palavra do poeta. Gostei muito. Um abraço.
Excelente. Ainda bem que há um espaço dedicado ao Surrealismo e ainda por cima de valor. Gostei de aqui passar e fica prometido que voltarei mais vezes para apreciar e opinar.
Ainda bem que há corpo e alma, senão não existeria dilemas.
http://desabafos-solitarios.blogspot.com/
palavras e poema...a combinação perfeita.
corpo e alma...sempre vestidos um com o outro.
excelente e maravilhosa a sabedoria de trabalhar as palavras.
parabéns
Daqueles poemas inebriantes que nos fazem vesti-los, de corpo e alma.
Um abraço,
fs
assim assim
:)
Já escrevi um post de loas ao maior intelectual do Algarve e Portugal, juntos: Zezé camarinha. Ver aqui.
Poeticamente interessante, direi como todos, lindo. Realmente presente, surrealmente inexistente...
"Porque a couve, também respira no anzol. Ao passo que Sol, nem sempre houve"
Por vezes passamos pela vida como se de um corpo apenas se tratasse… e ainda assim, raramente temos consciência de tal facto!
Alma, metade do corpo, ausência de memória… dava jeito, mas a memória raramente nos larga! E há dias, meses e até anos, infelizmente, em que sentimos “a alma mutilada” e ausência de corpo…
Espidos de nós mesmos.
(coma dicimos en Galicia: "bicos").
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