Prefácio

Blogue dedicado ao surrealismo, com particular destaque para o movimento literário português.

O Surrealismo foi um movimento artístico e literário surgido primariamente em Paris dos anos 20, inserido no contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo, reunindo artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo e posteriormente expandido para outros países. Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939), o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na actividade criativa. Os seus representantes mais conhecidos são Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí no campo das artes plásticas, André Breton na literatura e Luis Buñuel no cinema.







Histórico

Escreva!

Tem alguma coisa a dizer? tem algum poema ou texto surrealista que queira mandar? Não se acanhe, entre em contacto!

ricardopvalente (arroba) gmail.com

O Grupo Literário do Algarve

Photobucket
Outros Poetas de quem gostamos: Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Soares dos Passos, João de Deus, Antero de Quental, Gomes Leal, Guerra Junqueiro, Cesário Verde, António Nobre, Camilo Pessanha, Ângelo de Lima, Augusto Gil, Teixeira de Pascoaes, António Corrêa d'Oliveira, Ricardo Reis, Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Mário de Sá-Carneiro, José de Almada Negreiros, Américo Durão, Florbela Espanca, António Botto, Edmundo Bettencourt, José Gomes Ferreira, Vitorino Nemésio, José Régio, Saúl Dias, Pedro Homem de Mello, António Gedeão, Adolfo Casais Monteiro, Ruy Cinatti, Sophia de Mello Breyner Andresen, Jorge de Sena, Sidónio Muralha, Raul de Carvalho, Carlos de Oliveira, Egito Gonçalves, Natália Correia, Alexandre Pinheiro Torres, António Ramos Rosa, Eugénio de Andrade, Alexandre O'Neill, Daniel Filipe, Victor Matos e Sá, António Maria Lisboa, Fernando Guimarães, Fernando Echevarría, Isabel Meyrelles, Albano Martins, Eugénio Lisboa, E. M. de Melo e Castro, Cristóvam Pavia, António Osório, Ruy Belo, Pedro Tamen, Manuel Alegre, Alberto Pimenta, Fernando Assis Pacheco, Maria Teresa Horta, Armando Silva Carvalho, Fiama Hasse Pais Brandão, Luiza Neto Jorge, Sebastião Alba, Gastão Cruz, Inês Lourenço, Vasco Graça Moura, Manuel António Pina, José Alberto de Oliveira, Al Berto, José Agostinho Baptista, Eduardo Pitta, Nuno Júdice, Luís Filipe Castro Mendes, Rosa Alice Branco, Carlos Poças Falcão, Carlos Saraiva Pinto, Ana Luísa Amaral, Luís Miguel Nava, Jorge de Sousa Braga, Luís Adriano Carlos, Maria do Rosário Pedreira, Adília Lopes, Daniel Maia-Pinto Rodrigues, Fernando Pinto do Amaral, Francisco Duarte Mangas, Francisco José Viegas, José Tolentino Mendonça, João Luís Barreto Guimarães, Jorge Melícias, Daniel Faria, Beatriz Reina, valter hugo mãe, José Mário Silva, Pedro Mexia, Joaquim Cardoso Dias, José Luís Peixoto, Jorge Reis-Sá e Pedro Sena-Lino.

a cidade de palagüin

.
Na cidade de Palagüin
o dinheiro corrente eram olhos de crianças.
Em todas as ruas havia um bordel
e uma multidão de prostitutas
frequentava aos grupos casas de chá.
Havia dramas e histórias de era uma vez
havia hospitais repletos:
o pus escorria da pora para as valetas.
Havia janelas nunca abertas
e prisões descomunais sem portas.
Havia gente de bem a vagabundear
com a barba crescida.
Havia cães enormes e famélicos
a devorar mortos insepultos e voantes.
Havia três agências funerárias
em todos os locais de turismo da cidade.
Havia gente a beber sofregamente
a água dos esgotos e das poças.
Havia um corpo de bombeiros
que lançava nas chamas gasolina.

Na cidade de Palagüin
havia crianças sem braços e desnudas
brincando em parques de pântanos e abismos.
Havia ardinas a anunciar
a falência do jornal que vendiam;
havia cinemas: o preço de entrada
era o sexo de um adolescente
(as mães cortavam o sexo dos filhos
para verem cinema).
Havia um trust bem organizado
Para a exploração do homossexualismo.
Havia leiteiros que ao alvorecer
distribuíam sangue quente ao domicíio.
Havia pobres a aceitar como esmola
Sacos de ouro de trezentos e dois quilos.
E havia ricos pelos passeios
implorando misericórdia e chicotadas.


Na cidade de Palagüin
havia bêbados emborcando ácidos
retorcendo-se em espasmos na valeta.
Havia gatos sedentos
a sugar leite nos seios das virgens.
Havia uma banda de música
que dava concertos com metralhadoras;
havia velhas suicidas
que se lançavam das paredes para o meio da multidão.
Havia balneários públicos
Com duches de vitríolo – quente e frio
- a população banhava-se frequentes vezes.

Na cidade de Palagüin
havia Havia HAVIA ...

Três vezes nove um milhão.


Carlos Eurico da Costa

2 comentários:

bsh disse...

Cada vez que aqui passo fico encantado.

Está nos meus favoritos!

Ofereço-lhe com muito gosto e espero que goste, amigo Ricardo.

http://desabafos-solitarios.blogspot.com

bsh disse...

Aqui está o que não lhe ofereci no comentário anterior

http://img152.imageshack.us/my.php?image=selohs3.jpg