Prefácio

Blogue dedicado ao surrealismo, com particular destaque para o movimento literário português.

O Surrealismo foi um movimento artístico e literário surgido primariamente em Paris dos anos 20, inserido no contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo, reunindo artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo e posteriormente expandido para outros países. Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939), o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na actividade criativa. Os seus representantes mais conhecidos são Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí no campo das artes plásticas, André Breton na literatura e Luis Buñuel no cinema.







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Se houvesse degraus na terra...

Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.

Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.

Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.


Herberto Hélder de Oliveira (Funchal, 23 de Novembro de 1930) é um escritor português de ascendência judaica.

É considerado um dos mais originais poetas vivos de língua portuguesa. É uma figura misantropa, e em torno de si paira uma atmosfera algo misteriosa uma vez que recusa prémios e se nega a dar entrevistas. Em 1994 foi o vencedor do Prémio Pessoa que recusou.

A sua escrita começou por se situar no âmbito de um surrealismo tardio. Escreveu "Os Passos em Volta", um livro que através de vários contos, sugere as viagens deambulatórias de uma personagem por entre cidades e quotidianos, colocando ao mesmo tempo incertezas acerca da identidade própria de cada ser humano (ficção); "Photomaton e Vox", é uma colectânea de ensaios e textos e também de vários poemas. "Poesia Toda" é o título de uma antologia pessoal dos seus livros de poesia que tem sido depurada ao longo dos anos. Na edição de 2004 foram retiradas da recolha suas traduções.
A crítica literária aproxima sua linguagem poética do universo da Alquimia, da mística, da Mitologia edipiana e da Imago da Mãe.

8 comentários:

Anónimo disse...

Pode ser que um dia desça os degraus ... e regresse (era bom!).

Mas Herberto Hélder é um universo de universos originais. Tem ainda muito por percorrer.

No entanto, quem sabe?

Graça Pires disse...

Um poema vermelho como "as asas da águia que desceu para beber".
Sou fã do Herberto Helder.
Um abraço.

Thiago disse...

Antes de mais queria agradecer-lhe a passagem pelo meu eu e o seu comentário. Gostei deste seu espaço e de relembrar o grande Herberto Hélder.

Um abraço

* hemisfério norte disse...

se houvesse de graus na terra
(mesmo q negativos)
eu subiria até às
nu vens
.......hoje?
bjs do norte
a.

momentos disse...

Eu tenho muitos degraus a... Percorrer...na escrita.
Mas admiro...quem o faz...com Sabedoria...
Parabéns por seu espaço!
Obrigada...por sua vista!

Carinho!

SP disse...

Um poema eterno de HH, o GRANDE!

Sara Almeida disse...

Um dos maiores Poetas Portugueses.

Obrigada pelas suas palavras Ricardo no meu espaço.

Beijo

lena disse...

quero agradecer a sua passagem pela minha simples cabana.

aqui bebi e deliciei-me com poesia e com o registo que faz a cada Poeta

Herberto Helder o poeta que não me canso de ler, um "mito" que me fascina

subo passo a passo os degraus da sua poesia...

parabéns por este espaço que me prendeu

um abraço

lena